Torcedores dedicam tempo e dinheiro a uma paixão nacional, o futebol.
Que o futebol é o esporte mais popular do mundo isso já sabemos, mas o que faz com que milhares de pessoas invistam tempo e dinheiro neste hobby? O que as levam a fazer de tudo para ir ao estádio assistir aquela partida do seu time com o rival ou ainda ir à pelada com os amigos no final de semana? Alguns mais audaciosos, ou talvez mais apaixonados, vão até mesmo para outros países acompanhar as partidas dos seus ídolos.
Paixão pelo Bayern de Munique
O empresário Gustavo Formiga é um exemplo de torcedor apaixonado e fiel ao time Bayern de Munique. Morador de Palmas há 16 anos, Formiga já foi quatro vezes à Europa para assistir os jogos, chegou a produzir vídeos para YouTube, o nome da sua loja é em homenagem ao seu time, fez duas tatuagens, adesivou seu carro, dentre outras provas de amor pelo Bayern.
Segundo o empresário, o sentimento pelo time começou através de jogos de videogame, amistosos pela TV e acesso a sites que juntos somam 12 anos de fidelidade. Ao relatar sobre como é ser um brasileiro torcedor de um time europeu, Gustavo afirma: “ Eu não vejo impedimento nenhum uma pessoa do Brasil torcer para um time europeu”. Formiga já foi em quase 10 jogos do Bayern tanto na Alemanha quanto em Portugal e tem uma coleção com 40 camisas. Já investiu muito dinheiro, tanto que daria para comprar um carro popular, mas conta que valeu a pena: “Não me arrependo de forma nenhuma e se fosse para voltar atrás faria tudo de novo e farei, vou fazer tudo novamente, porque futebol é a minha paixão”, finaliza o torcedor.
Para a Psicóloga Clínica, Ana Flávia Campeiz, a mídia contribui para fortalecer os vínculos dos torcedores com os clubes: “É fácil encontrar as marcas que patrocinam jogadores em produtos do dia-a-dia, como tênis, perfume e camiseta, e você consome mesmo não sendo atleta ou praticante deste ou daquele esporte, consome porque é legal, porque este produto propaga o sentimento de disputa e euforia, vivenciado no momento de uma competição”, explica.
Economia futebolística
A indústria do futebol movimenta bilhões anualmente, segundo dados da consultoria suíça ATKearney de 2013, o faturamento global dos clubes foi de US$ 255 bilhões, incluindo ingressos, venda de jogadores, direitos de arena, patrocínios e licenciamento. A Inglaterra, do qual Premier League é o responsável pelo campeonato, é a primeira da tabela com arrecadação de US$ 76,7 bilhões, equivalente a 30% do total, seguida pela Alemanha, onde o Bundesliga é responsável pelo campeonato, com US$ 51,1 bilhões onde clubes como Bayern de Munique e Borussia Dortmund fazem parte.
Enquanto o jogo acontece e os 22 jogadores estão em campo nos 90 minutos da partida, do lado de fora o comércio está se movimentando. São ambulantes, atendentes, donos de bares e seus funcionários, pipoqueiros e seguranças, além dos servidores públicos como policiais, corpo de bombeiros, guardas e agentes de trânsito que fazem o seu trabalho e geram a renda. Tudo isso ajuda a movimentar o PIB (Produto Interno Bruto) da indústria futebolística, mas claro que esses são responsáveis por uma fatia pequena, a maior parte mesmo está na compra e venda de jogadores. Se por um lado há muito lucro, glamour e corrupção, por outro há pessoas que dão a vida pelos seus times e acreditam fortemente nesse sentimento que denominam como algo inexplicável.
Realidade tocantinense
Essa paixão não é diferente no estado do Tocantins, pois clubes pequenos como o Palmas Futebol e Regatas, por exemplo, tem um faturamento anual quase que insuficiente. A troca constante de presidente, a perda de patrocínio e o mau desempenho nos últimos jogos fez com que o time caísse ainda mais. Mas, torcedores como Juvenal Gomes (25 anos) e sua esposa Thaynne Almeida (27 anos) não deixam de acompanhar os jogos e torcer pelo time: “Torcer para o Palmas é algo inexplicável, é a minha identidade, me sinto pertencente a cidade de Palmas, não poderia torcer para outro time senão esse”, afirma Thaynne.
Esse sentimento de pertencimento também fez com o Juvenal deixasse de torcer por times de outros estados e passasse a se dedicar somente ao Palmas Futebol e Regatas, tanto que hoje faz parte da torcida organizada do time. “Tudo ainda é muito recente no Palmas, ele é um time novo, foi fundado em 1997 e por isso está caminhando a passos lentos, mas acredito fielmente que ele disputará grandes campeonatos”, finaliza o torcedor.
A psicóloga, Ana Flávia, explica que essa inserção social e o sentimento de pertencimento que cada um tem ao se dizer torcedor de um time está ligado a aceitação social. “Torcer por um determinado time, faz com que você obtenha um co-sobrenome, a partir de então você passa a ser o corintiano, o rugbier, o tenista, mais um de um grupo, a torcida, e a partir de então você passa a ser socialmente aceito”, explica.
Por Sarah Pires
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