Festivais independentes têm movimentado a cultura palmense
Por Maria Eduarda Ferraz
Festivais de cunho cultural acontecem ao redor do mundo há muito tempo. Música, teatro, cinema e literatura despertam o interesse de multidões, sendo representados por diversos segmentos, meios e formatos, espaços que apresentam o novo, o antigo e levam ao público conhecimento e criatividade. Muitos desses circuitos, com sua força, entraram no imaginário e na memória coletiva de milhões. Rock In Rio, Glastonbury, Cannes, entre outros, são conhecidos pelo grande público e muito esperados todos os anos. A maioria deles é televisionada ou transmitida ao vivo pela internet, quando não ao vivo, são disponibilizados depois em plataformas de vídeo, onde legiões têm acesso.
Além de tudo aquilo que o mundo conhece, outras opções movem montanhas. São festivais mais alternativos, sem muito financiamento, mas igualmente poderosos no quesito propagação de cultura e informação. Nomes como Grito Rock, que já viajou para 35 países e mais de 300 cidades, o RecBeat, que acontece há 21 anos no Recife e o Vaca Amarela, em Goiânia, que já vai para sua 15° edição, têm dado um exemplo de força e resistência no país há anos.
Mas um caso em particular chama a atenção no momento. Palmas, a capital mais jovem do Brasil, tem apresentado várias opções, quando o assunto são festivais independentes. Circo, música, performance e um punhado enorme de força de vontade para fazer com que as opções cheguem à população, que muitas vezes sequer toma conhecimento do que acontece na cidade. “Esses festivais nos dão a oportunidade de mostrar o nosso material para a galera que não o conhece. Eu descobri muita coisa legal através desses eventos, então acho que temos uma cena bastante efervescente, apesar da mídia mainstream não dar tanto valor a esse cenário. Precisamos saber procurar. Precisamos saber olhar”, comenta Mateus Fontalva, vocalista e guitarrista da banda Diamente.
Por trás do Bem Ali, do Underground Double, do Festival de Circo de Taquaruçu, do Grito Rock, que este ano teve sua estreia no Tocantins, ou de qualquer outro evento independente, existem pessoas que trabalham para manter a chama da diversidade acesa e uma dificuldade enorme para fazer com que isso aconteça. Para o vocalista e guitarrista da banda Scott, Marlon Ibrahim, “há um esforço tremendo para realizar esse tipo de coisa, porque é muito cansativo e é muito trabalhoso conseguir tudo. Você observa que quem produz esses festivais faz isso porque realmente gosta”, comentou.
Há quase que um mito popular dos residentes da Capital, de que “não existe nada para se fazer em Palmas”, mas é perceptível que não faltam opções, eventos, lugares e artistas para serem reconhecidos. O que é preciso, de fato, não é mais criatividade por parte dos idealizadores, é incentivo, seja ele financeiro ou vindo da grande mídia. Falta um espaço maior para fazer com que isso chegue às pessoas. A propagação da cultura e de novas ideias deve ser pauta importante no dia a dia, não assunto secundário.
Foto de Capa: Músico durante primeira edição do Festival Grito Rock em Palmas. (Laura Pedrini)
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